Mudanças em impostos de combustíveis leva BC a focar na inflação de 2024 para definir juros

Informação consta da ata do Copom, divulgada nesta terça (9). Governo e Congresso aprovaram mudanças que tentam segurar inflação de 2022, mas que devem elevá-la em 2023. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta terça-feira (9) que observou que as projeções de inflação para os anos de 2022 e 2023 estavam sujeitas a "impactos elevados associados às alterações tributárias", referindo-se às mudanças nos impostos sobre combustíveis e energia elétrica. Essas medidas reduzem a inflação neste ano, mas pressionam os preços em 2023. A informação consta na ata da última reunião do Copom, ocorrida na semana passada, quando a taxa básica de juros da economia brasileira avançou para 13,75% ao ano no 12º aumento consecutivo. A Selic atingiu o maior patamar desde novembro de 2016. Por conta dessas mudanças nos tributos, o BC informou que optou por "dar ênfase à inflação acumulada em doze meses no primeiro trimestre de 2024, que reflete o horizonte relevante [para definição da taxa de juros]". Entenda Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central reduz a Selic. Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação nos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia. Até então, a instituição indicava que buscava, na definição dos juros básicos da economia, o cumprimento da meta de inflação do ano que vem. Porém, na ata da reunião realizada na semana passada, o Copom informou que está centrando seus esforços, ao definir o nível da taxa de juros, olhando para a inflação em 12 meses até março de 2024. Ao diminuir a importância do próximo ano em seu cenário para definição da taxa Selic, o BC indica que a meta de inflação pode ser superada em 2023 pelo terceiro ano seguido. O Banco Central estima que a inflação oficial somará 4,6% no ano que vem, ainda abaixo do teto de 4,75% do sistema de metas de inflação, mas o mercado financeiro já projeta um IPCA de 5,36%, ou seja, com novo estouro da meta em 2023. Em 2021, a inflação oficial somou 10,06%, acima da meta de inflação. E, recentemente, o próprio BC admitiu oficialmente estouro da meta de inflação para o ano de 2022. Inflação elevada e nova alta de juros Na ata do Copom, o BC avaliou que a inflação ao consumidor "segue elevada, com alta disseminada entre vários componentes, se mostrando mais persistente que o antecipado". O BC também indicou que pode elevar a taxa Selic novamente na próxima reunião do Copom, marcada para 20 e 21 de setembro. "O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude [do que a alta de 0,5 ponto percentual do último encontro], em sua próxima reunião", informou. Aumento de gastos em ano eleitoral O Banco Central também manifestou preocupação, na ata da última reunião do Copom, com o aumento de gastos em ano eleitoral promovido por meio da PEC Kamizaze — que que driblou a lei e turbinou benefícios sociais. De acordo com a instituição, políticas temporárias de apoio à renda devem trazer estimular o consumo por parte da população. Argumentou, ainda, que o "prolongamento" de tais políticas "pode elevar os prêmios de risco do país" (aumentando as taxas de juros ainda mais) e as expectativas de inflação à medida que "pioram a trajetória fiscal' - o resultado das contas públicas. "O Comitê pondera que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário", informou. Os dois candidatos mais bem posicionados nas eleições deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL), e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), indicam que querem manter o Auxílio Brasil em R$ 600 no próximo ano, uma das medidas da PEC Kamikaze. Desaceleração da economia mundial Por outro lado, o Banco Central também avaliou que houve um aumento da probabilidade de uma "desaceleração da atividade global mais pronunciada", o que contribuiria para conter as pressões inflacionárias no mundo e, consequentemente, na economia brasileira também. A instituição lembra que os Bancos Centrais de países desenvolvidos e emergentes têm elevado os juros nos últimos meses para conter o aumento da inflação, contribuindo para desacelerar a economia mundial e para uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das "commodities" (produtos básicos, como petróleo e alimentos). No Brasil, o Copom informou que continua estimando que a "atividade deve desacelerar nos próximos trimestres, quando os impactos defasados da política monetária [elevações das taxas de juros dos últimos anos] se fizerem mais presentes".

Mudanças em impostos de combustíveis leva BC a focar na inflação de 2024 para definir juros
Informação consta da ata do Copom, divulgada nesta terça (9). Governo e Congresso aprovaram mudanças que tentam segurar inflação de 2022, mas que devem elevá-la em 2023. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta terça-feira (9) que observou que as projeções de inflação para os anos de 2022 e 2023 estavam sujeitas a "impactos elevados associados às alterações tributárias", referindo-se às mudanças nos impostos sobre combustíveis e energia elétrica. Essas medidas reduzem a inflação neste ano, mas pressionam os preços em 2023. A informação consta na ata da última reunião do Copom, ocorrida na semana passada, quando a taxa básica de juros da economia brasileira avançou para 13,75% ao ano no 12º aumento consecutivo. A Selic atingiu o maior patamar desde novembro de 2016. Por conta dessas mudanças nos tributos, o BC informou que optou por "dar ênfase à inflação acumulada em doze meses no primeiro trimestre de 2024, que reflete o horizonte relevante [para definição da taxa de juros]". Entenda Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central reduz a Selic. Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação nos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia. Até então, a instituição indicava que buscava, na definição dos juros básicos da economia, o cumprimento da meta de inflação do ano que vem. Porém, na ata da reunião realizada na semana passada, o Copom informou que está centrando seus esforços, ao definir o nível da taxa de juros, olhando para a inflação em 12 meses até março de 2024. Ao diminuir a importância do próximo ano em seu cenário para definição da taxa Selic, o BC indica que a meta de inflação pode ser superada em 2023 pelo terceiro ano seguido. O Banco Central estima que a inflação oficial somará 4,6% no ano que vem, ainda abaixo do teto de 4,75% do sistema de metas de inflação, mas o mercado financeiro já projeta um IPCA de 5,36%, ou seja, com novo estouro da meta em 2023. Em 2021, a inflação oficial somou 10,06%, acima da meta de inflação. E, recentemente, o próprio BC admitiu oficialmente estouro da meta de inflação para o ano de 2022. Inflação elevada e nova alta de juros Na ata do Copom, o BC avaliou que a inflação ao consumidor "segue elevada, com alta disseminada entre vários componentes, se mostrando mais persistente que o antecipado". O BC também indicou que pode elevar a taxa Selic novamente na próxima reunião do Copom, marcada para 20 e 21 de setembro. "O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude [do que a alta de 0,5 ponto percentual do último encontro], em sua próxima reunião", informou. Aumento de gastos em ano eleitoral O Banco Central também manifestou preocupação, na ata da última reunião do Copom, com o aumento de gastos em ano eleitoral promovido por meio da PEC Kamizaze — que que driblou a lei e turbinou benefícios sociais. De acordo com a instituição, políticas temporárias de apoio à renda devem trazer estimular o consumo por parte da população. Argumentou, ainda, que o "prolongamento" de tais políticas "pode elevar os prêmios de risco do país" (aumentando as taxas de juros ainda mais) e as expectativas de inflação à medida que "pioram a trajetória fiscal' - o resultado das contas públicas. "O Comitê pondera que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário", informou. Os dois candidatos mais bem posicionados nas eleições deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL), e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), indicam que querem manter o Auxílio Brasil em R$ 600 no próximo ano, uma das medidas da PEC Kamikaze. Desaceleração da economia mundial Por outro lado, o Banco Central também avaliou que houve um aumento da probabilidade de uma "desaceleração da atividade global mais pronunciada", o que contribuiria para conter as pressões inflacionárias no mundo e, consequentemente, na economia brasileira também. A instituição lembra que os Bancos Centrais de países desenvolvidos e emergentes têm elevado os juros nos últimos meses para conter o aumento da inflação, contribuindo para desacelerar a economia mundial e para uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das "commodities" (produtos básicos, como petróleo e alimentos). No Brasil, o Copom informou que continua estimando que a "atividade deve desacelerar nos próximos trimestres, quando os impactos defasados da política monetária [elevações das taxas de juros dos últimos anos] se fizerem mais presentes".