Na Argentina, ruralistas protestam contra governo e interrompem vendas

Os produtores rurais pedem isenção de impostos de exportação e a normalização do abastecimento de combustíveis. Manifestação de ruralistas na Argentina em 13 de julho de 2022 Juan Mabromata/ AFP As principais organizações de produtores agrícolas da Argentina se manifestaram nesta quarta-feira (13) e suspenderam a comercialização de grãos por 24 horas para exigir mudanças na política econômica do governo de Alberto Fernández. Leia também Argentina anuncia medidas econômicas para tentar acalmar mercados Argentina vê compras por medo e remarcação de preços em meio à inflação Os produtores rurais pedem isenção de impostos de exportação e a normalização do abastecimento de combustíveis. A Argentina enfrenta uma escassez de gasolina nas últimas semanas, justamente durante o auge da colheita. Silvina Batakis é a nova ministra da economia da Argentina Dólar paralelo Na Argentina, o dólar é vendido no mercado paralelo alcança o dobro do valor da cotação oficial. Os produtores rurais vendem seus produtos pelo dólar oficial, bem abaixo do câmbio paralelo. Essa é uma das reclamações, além dos impostos. "O governo nos pressiona com impostos excessivos e a um mercado cambiário paralelo que afeta a rentabilidade", disse Jorge Chemes, presidente da Confederações Rurais Argentina. Chemes afirmou que não quer que a desvalorização do câmbio seja feita de forma a produzir danos financeiros. "Queremos, sim, que haja um ajuste lógico de valores do dólar que nos permita ter uma exportação razoável e que nos gere rentabilidade para podermos prosseguir", disse Chemes. Ele faz um referência entre a diferença da taxa de câmbio oficial, de 135 pesos por dólar, e da cotação no mercado paralelo, que praticamente dobra o valor da moeda estrangeira. Cavalos e bandeiras Centenas de pessoas aderiram às manifestações com seus maquinários. Algumas delas foram a cavalo e levaram bandeiras argentinas. Mariano Roberto Ibarra, um trabalhador rural, disse ter ido protestar contra a deterioração econômica. "A gente está trabalhando para poder comer hoje. Antes havia uma margem de lucro que hoje não existe", disse. Dependência A Argentina é uma das maiores produtoras de alimentos do mundo e o país que mais exportada óleo e farinha de soja. Por um lado, ela foi beneficiada pelo aumento nos preços dos cereais e oleaginosas, como consequência da guerra na Ucrânia. No entanto, o conflito encareceu a importação de fertilizantes e de combustíveis, que são essenciais para o campo. A Argentina importa 60% dos fertilizantes que consome, e 15% são provenientes da Rússia. Resposta do governo "Não concordamos com esta paralisação, achamos que não leva a nada. Sempre privilegiamos o diálogo", disse o chefe de gabinete do governo, Juan Manzur. Embora tenha admitido que houve "sérias dificuldades em relação ao diesel", Manzur afirmou que "gradativamente o abastecimento vai se normalizando". Juan Diego Echevere, da Sociedade Rural da província de Entre Ríos, afirmou que "sempre estamos prontos para dialogar com o governo. O que ocorre é que só o diálogo não basta, precisamos de uma mudança de políticas". Pedro Peretti, ex-diretor da Federação Agrária Argentina, criticou a motivação deste protesto ao destacar que "no campo não ficou um único hectare sem semear pela falta de combustível". "Havia problemas de combustível, mas no campo estavam bem abastecidos e semeou-se o que se precisava semear e o que não se semeou foi por falta de chuva. Não há desabastecimento", disse à Rádio Nacional. Nova ministra da Economia O protesto dos produtores do agro foi organizado poucos dias após a nomeação da nova ministra da Economia, Silvina Batakis, na esteira da renúncia de seu antecessor, Martín Guzmán, em meio a turbulências cambiais e a uma inflação estimada em 76% para este ano. A expectativa é que as exportações agroindustriais alcancem um recorde de US$ 41 bilhões em 2022, cerca de US$ 3 bilhões a mais do que em 2021. Veja os vídeos mais assistidos do g1

Na Argentina, ruralistas protestam contra governo e interrompem vendas

Os produtores rurais pedem isenção de impostos de exportação e a normalização do abastecimento de combustíveis. Manifestação de ruralistas na Argentina em 13 de julho de 2022 Juan Mabromata/ AFP As principais organizações de produtores agrícolas da Argentina se manifestaram nesta quarta-feira (13) e suspenderam a comercialização de grãos por 24 horas para exigir mudanças na política econômica do governo de Alberto Fernández. Leia também Argentina anuncia medidas econômicas para tentar acalmar mercados Argentina vê compras por medo e remarcação de preços em meio à inflação Os produtores rurais pedem isenção de impostos de exportação e a normalização do abastecimento de combustíveis. A Argentina enfrenta uma escassez de gasolina nas últimas semanas, justamente durante o auge da colheita. Silvina Batakis é a nova ministra da economia da Argentina Dólar paralelo Na Argentina, o dólar é vendido no mercado paralelo alcança o dobro do valor da cotação oficial. Os produtores rurais vendem seus produtos pelo dólar oficial, bem abaixo do câmbio paralelo. Essa é uma das reclamações, além dos impostos. "O governo nos pressiona com impostos excessivos e a um mercado cambiário paralelo que afeta a rentabilidade", disse Jorge Chemes, presidente da Confederações Rurais Argentina. Chemes afirmou que não quer que a desvalorização do câmbio seja feita de forma a produzir danos financeiros. "Queremos, sim, que haja um ajuste lógico de valores do dólar que nos permita ter uma exportação razoável e que nos gere rentabilidade para podermos prosseguir", disse Chemes. Ele faz um referência entre a diferença da taxa de câmbio oficial, de 135 pesos por dólar, e da cotação no mercado paralelo, que praticamente dobra o valor da moeda estrangeira. Cavalos e bandeiras Centenas de pessoas aderiram às manifestações com seus maquinários. Algumas delas foram a cavalo e levaram bandeiras argentinas. Mariano Roberto Ibarra, um trabalhador rural, disse ter ido protestar contra a deterioração econômica. "A gente está trabalhando para poder comer hoje. Antes havia uma margem de lucro que hoje não existe", disse. Dependência A Argentina é uma das maiores produtoras de alimentos do mundo e o país que mais exportada óleo e farinha de soja. Por um lado, ela foi beneficiada pelo aumento nos preços dos cereais e oleaginosas, como consequência da guerra na Ucrânia. No entanto, o conflito encareceu a importação de fertilizantes e de combustíveis, que são essenciais para o campo. A Argentina importa 60% dos fertilizantes que consome, e 15% são provenientes da Rússia. Resposta do governo "Não concordamos com esta paralisação, achamos que não leva a nada. Sempre privilegiamos o diálogo", disse o chefe de gabinete do governo, Juan Manzur. Embora tenha admitido que houve "sérias dificuldades em relação ao diesel", Manzur afirmou que "gradativamente o abastecimento vai se normalizando". Juan Diego Echevere, da Sociedade Rural da província de Entre Ríos, afirmou que "sempre estamos prontos para dialogar com o governo. O que ocorre é que só o diálogo não basta, precisamos de uma mudança de políticas". Pedro Peretti, ex-diretor da Federação Agrária Argentina, criticou a motivação deste protesto ao destacar que "no campo não ficou um único hectare sem semear pela falta de combustível". "Havia problemas de combustível, mas no campo estavam bem abastecidos e semeou-se o que se precisava semear e o que não se semeou foi por falta de chuva. Não há desabastecimento", disse à Rádio Nacional. Nova ministra da Economia O protesto dos produtores do agro foi organizado poucos dias após a nomeação da nova ministra da Economia, Silvina Batakis, na esteira da renúncia de seu antecessor, Martín Guzmán, em meio a turbulências cambiais e a uma inflação estimada em 76% para este ano. A expectativa é que as exportações agroindustriais alcancem um recorde de US$ 41 bilhões em 2022, cerca de US$ 3 bilhões a mais do que em 2021. Veja os vídeos mais assistidos do g1